quinta-feira, 26 de maio de 2011

Trabalhando questões linguísticas


Após a realização de atividades de produção textual, identifiquei alguns problemas lingüísticos nos textos dos meus alunos, um deles foi a confusão entre o uso do "está" e "estar" e do "mas" e "mais". Para trabalhar esse problema com meus alunos, resolvi elaborar a seguinte atividade:

  • Inicialmente selecionei a seguinte música de Renato Russo:
Mais Uma Vez

_____ é claro que o sol vai voltar amanhã
_____ uma vez, eu sei
Escuridão ját vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.
Tem gente que ____ do mesmo lado que você
____ deveria _____ do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como _____
______ eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!

·         Em seguida entreguei uma cópia a cada aluno e reproduzi a música para que os alunos preenchesem as lacunas a medida que fossem ouvindo.
·         Os alunos pediram para ouvir novamente a música;
·         Após essa etapa, foi feita uma correção coletiva das lacunas.
·         Ao final da correção, solicitei aos alunos que tentassem apresentar uma explicação para o preenchimento das lacunas;
·         Nós discutimos o conteúdo da música, os alunos se identficaram bastante com o tema.
·         Foi então mostrado para eles como ficaria o sentido da música se as lacunas fossem preenchidas incorretamente.
·         Após essa discussão apresentei a explicação normativa para o uso dos termos:

Mas: conjugação, palavra invariável que une termos de uma oração ou orações. Pode ser substituído por “porém, entretanto e, contudo”.

Mais: advérbio de intensidade. Pode modificar também adjetivos e advérbios. O contrário de menos. 
Estar: o correto é escrever e pronunciar o r final quando o verbo está no infinitivo e principalmente quando usado com outros verbos, ou seja, numa locução verbal.

Está: E devemos usar o acento gráfico quando empregamos os verbos ver, dar, ler e estar na terceira pessoa do singular do presente do indicativo, caso em que ele estará sozinho, sem outros verbos de apoio.

·      Outros exercícios foram realizados, para em seguida realizarmos uma atividade de     correção dos textos dos alunos com relação a esses aspectos.
·      Os alunos mostraram-se envolvidos nas atividades.
Acredito que outras questões lingüísticas, podem e devem ser trabalhadas dessa forma, adequando-se a qualquer série do ensino fundamental II e do ensino médio, tornando as aulas mais dinâmicas e mostrando aos alunos o real funcionamento da língua. Pois a língua deve ser ensinada a partir do uso, a gramática deve ser refletida ao invés de imposta, para que não se torne um conjunto de regras decoradas e sem sentido. Além disso, o uso da música torna a aula mais atrativa para os alunos.      




terça-feira, 24 de maio de 2011

A produção textual na escola

Com base na leitura de algumas teorias e e na leitura de alguns artigos, procurei resumir abaixo algumas idéias que considero importantes para o trabalho com a leitura e sobretudo com a escrita em sala de aula.
Os PCN falam sobre a finalidade de se trabalhar com a produção de textos que é de formar escritores competentes, ou seja, um escritor capaz de planejar, elaborar tomar notas, esquematizar e expressar e nesse sentido se enquadra a noção de gêneros, tão difundida nos meios acadêmicos.
Devido a essa noção de gêneros, vem se propagando um discurso de que a redação deve ser banida da escola. Nesse sentido, essa perspectiva dos gêneros é confusa, e tem levado ao pragmatismo e utilitarismo no ensino e que apesar das tentativas de mudanças, sempre se cai na estrutura composicional fixa que limita a possibilidade do aluno se posicionar como sujeito da escrita.
Nesse sentido uma das questões que se deve considerar é o destino que será dado aos textos dos alunos, que deve ser repensada, já que um texto deve ser escrito para alguém com algum objetivo, deve ter uma função social, devendo-se reconhecer, a dificuldade de se realizar atividades que privilegiem a divulgação dos textos dos alunos, mas não a impossibilidade.
Outra questão a ser repensada é a noção de escritor verdadeiro, apontando que poucos tem a sua escrita reconhecida na nossa sociedade e nesse sentido o aluno é visto como um não escritor, nem mesmo a escola reconhece o aluno como escritor verdadeiro, pois ele escreve para mostrar que aprendeu o conteúdo de ensino, e não de forma espontânea, logo defendemos que deve-se saber o que o aluno já sabe e o que precisa saber para que o trabalho do professor se desenvolva.
Para se produzir textos coerentes e eficazes deve-se pensar o texto na sua dimensão de componente lingüístico enquanto unidade de sentido e de interação entre sujeitos; devem-se pensar as questões lingüísticas e extralingüísticas como constitutivas do dizer e do ler.
Trabalhar a escrita na escola significa transformá-la em uma prática e, principalmente, conceber a escrita como produção, que exige do sujeito o domínio do código escrito, mas também, das condições sociais, culturais e históricas de escrita. Deve-se ter em mente que o escritor não escreve só porque retomou a fala de outros e que nem sempre escreve porque terá leitores, pois seu texto sempre será avaliado antes de ser publicado.
Uma das críticas que mais se faz aos textos dos alunos é que não apresenta nada de novo, mas é preciso entender que estamos sempre repetindo o discurso de outras pessoas, considerando que a repetição ou citação são estratégias discursivas muito utilizadas por todos os autores, só que criticamos nossos alunos, mas fazemos o mesmo, o tempo todo, o que está faltando na escola é o ensino das estratégias do citar, logo um escritor real cita, passa por avaliações, críticas, tem seu texto examinado. O mesmo deve-se fazer nos textos dos alunos, mostrando para eles os processos por que passa um escritor real até ter seu texto publicado.
Assim não basta se referir a noção de gêneros e a necessidade de se ter condições reais de produção para resolver os problemas da escrita dos alunos, deve-se considerar que se escreve na escola para aprender a escrever e ao se escrever se erra e se aprende errando, como fazem os escritores reais.

Apresentações de trabalhos

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal observar qual a concepção de leitura adotada por uma coletânea de livros didáticos do Ensino Fundamental, para verificar se ela transpõe para a prática as teorias que vem sendo amplamente difundidas sobre leitura e ensino, principalmente no que diz respeito à abordagem da leitura numa concepção interativa de leitura. Inicialmente, discutiremos alguns aspectos teóricos acerca da leitura e do livro didático e como elas podem contribuir para o ensino/aprendizagem, nos baseando em teóricos como Marcuschi (1989 e 1996) e Kock (2006) entre outros. Para a pesquisa foram analisados quatro LD que compõem a coleção “Novo Diálogo” das autoras Eliana Santos Beltrão e Tereza Gordilho, do 6º ao 9º ano, da Editora FTD, pois os mesmos foram adotados por uma grande parte das Escolas Estaduais da cidade de Campina Grande-PB, analisamos as seções de leitura para verificar a aplicação das teorias nos mesmos. Ao concluirmos o trabalho, observamos que o manual do professor apresenta um discurso engajado na concepção interacionista da língua, e dos gêneros textuais, porém percebemos que uma grande quantidade de textos foi trabalhada, porém com foco ainda em textos narrativos, além disso, notou-se ainda uma ênfase muito grande em questões que privilegiam a estrutura textual e o foco em questões de copiação e de opinião, houve, porém um avanço com relação a presença de atividades que estimulam a realização de inferências e que privilegiam a situação de produção dos textos, que são exercícios mais voltados a compreensão propriamente dita. De forma específica, verificamos ainda que o livro apresenta duas concepções de leitura diferentes: uma cognitivista que vê o leitor como sujeito da compreensão numa visão de língua apenas como instrumento de comunicação com foco no texto, e outra sociointeracionista, presente no manual do professor e em algumas atividades analisadas, que percebe como essenciais para a compreensão, além do leitor e do autor do texto, aspectos sociais e ideológicos que abordam a leitura como prática social. Esta pesquisa nos possibilitou entender a importância do conhecimento de teorias sobre leitura para o trabalho do professor em sala de aula e da necessidade de incentivá-los a conhecerem e desenvolverem abordagens metodológicas não só de base em que se apresenta a perspectiva cognitivista através de questões inferenciais, levantamento e verificação de hipóteses e a ativação de conhecimentos prévios, que são passos iniciais para a compreensão do texto, mas que o professor possa ir além, abordando aspectos outros como os sociais e ideológicos tão essenciais para a formação do cidadão como um leitor competente, conforme determinam os PCN de Língua Portuguesa.

Plavras-chave: ensino/aprendizagem;interação; leitura;texto.

Para visualizar a apresentação em slides do artigo acese o link abaixo:

https://docs.google.com/present/edit?id=0AS9MsQOR8F1yZGdzd2hzM3dfMWY2bTVqdGZk&hl=en_US